O ataque golpista contra os Três Poderes ocorrido no dia 8 de janeiro por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocasionou um grande estrago para os bens, obras primas e peças raras subsidiadas no Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto, locais atacados pelos terroristas. A ação tinha como objetivo pedir o fim do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito democraticamente nas últimas eleições. No total, mais de 1400 golpistas foram presos sob os crimes de terrorismo e golpe de estado. Destes, 464 obtiveram liberdade provisória.
A Lagom Data atua na cobertura dos participantes no golpe, junto a outras organizações, como a Agência Lupa e a organização independente Infoamazônia. Com a análise produzida pela Lagom, foi possível averiguar que quatro pastores donos de igreja foram presos e 13 foram flagrados incitando ataques no Distrito Federal.
Entre os capturados, está Francismar Aparecido da Silva, 46 anos, “pastor presidente” da igreja Ministério Evangelístico Apascentar, no DF. Suas redes sociais são tomadas por publicações bolsonaristas onde, em uma delas, diz: “Se não tiver luta, como vai ter vitória?”. Os outros pastores presos são: João Marciano de Oliveira, 47 anos, da igreja Jesus Cristo é a Razão do Meu Viver (MG), Donizete Paulino da Paz, 56 anos, da Igreja Assembleia de Deus – Ministério O Deus das Nações (GO) e Jorge Luiz dos Santos, 57 anos, da Igreja Evangélica Amor de Deus João 3:16 (MG).
Além dos quatro religiosos presos, outros 13 têm publicações em redes sociais evidenciando suas participações nos atos golpistas. Os vídeos gravados e divulgados pelos próprios golpistas apresentam as cenas de depredação dos espaços atacados. Em um deles, o missionário Feliciano Quitito está sentado em uma cadeira da mesa do Congresso e exclama que Jair Bolsonaro irá voltar para a nação e continuar o seu governo: “as trevas tiveram que bater em retirada para saber que só o senhor é Deus”.
A partir das colaborações conjuntas, a Agência Lupa investigou “Ramiro Caminhoneiro”, responsável por organizar diversas caravanas para o ataque por meio do Telegram e do WhatsApp. A Lagom Data analisou o histórico de Ramiro Cruz Junior, sócio de duas empresas no ramo de transportes e ex-candidato a deputado de São Paulo pelo PSL, em 2018 e 2022. Foram encontradas mais de 1318 menções a Ramiro nos aplicativos de conversa e, entre elas, mensagens onde o autor dizia que disponibilizaria 3 mil ônibus para o transporte dos apoiadores. Em outra publicação, o mesmo promete 33 mil caravanas.
Junto ao Infoamazônia, por sua vez, a investigação é centrada em Altamirando Pinto de Oliveira, um dos golpistas presos e multados por desmatamento na área de proteção ambiental Triunfo do Xingu, no Pará. A soma de duas multas em anos anteriores, uma em 2012 e outra em 2019, calculam mais de R$ 1 milhão de reais. O desmatamento nessa região é visado para abertura de pastos para criação de gados, porém também há indícios de grilagem, ato de lotear terra sem autorização de órgão responsável. Junto de Oliveira, pelo menos 39 presos já foram denunciados na Procuradoria-Geral da República.