O apresentador do Domingão da TV Globo, Luciano Huck, explicou como uma pesquisa que entrevista 3.000 pessoas representa com precisão satisfatória, margem de erro informada e prazo de validade a intenção de voto de mais de 100 milhões de brasileiros. O material foi publicado em vídeo nas redes sociais de Huck na sexta-feira (23) e conta com gráficos da Lagom Data entre as ilustrações.
Para isso, ele comparou as pesquisas eleitorais com exames médicos que também funcionam por amostragem. “Você já fez exame de sangue alguma vez na vida? Pode ser até aquele exame que faz só um furinho na pontinha do dedo, sabe? O importante é que no exame de sangue, uma pequena amostra é suficiente para contar o que acontece no seu corpo inteiro”, exemplificou.
Mas para essa comparação fazer sentido é preciso que as pessoas entrevistadas sejam representativas de todo o país. Caso o Brasil tenha 51% de mulheres, a pesquisa deve entrevistar 51% de respondentes do gênero feminino. Essa mesma lógica deve valer para recortes de cor, cidade de residência, idade, religião, renda etc. Ao menos os institutos sérios fazem assim.
Em norma, esses números são retirados do perfil demográfico da população brasileira, elaborado com dados censitários levantados, em tese, a cada dez anos. Só que a gestão de Jair Bolsonaro (PL) adiou duas vezes o censo marcado para 2020, que está em produção apenas em 2022.
Como efeito, o governo disponibiliza dados censitários de 12 anos atrás, e os institutos de pesquisa buscam outras fontes –o que pode gerar disparidade entre resultados.
É, por isso, que a Lagom Data reúne todas as pesquisas registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) à presidência e ao governo do estado de São Paulo e agrega, com alguns cuidados, os resultados semanais.
Parte dos institutos tem um histórico de projeções consistentes. Huck usa o Datafolha como exemplo, que apresentou resultados satisfatórios antes da votação em todos os pleitos desde 1994. Formado pela equipe do antigo Ibope, o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) também é uma fonte de alta credibilidade.
A Lagom Data usa estatística para retirar do cálculo as pesquisas que fogem muito à média. Contudo, o leitor pode checar os números sem tratamento estatístico, assim como os resultados de cada instituto.
Cada projeção também apresenta uma margem de erro e um intervalo de confiança.
Se um candidato tem 30% de expectativa de votos em uma pesquisa com margem de erro 2%, o resultado indica que ele seria escolhido por algo entre 28% a 32% dos brasileiros nos cenários mais prováveis. Para a pesquisa ser cientificamente relevante o intervalo de confiança precisa ser, em norma, maior do que 95%.
Vale lembrar que, como o vídeo de Huck ressalta, as pesquisas eleitorais têm curto prazo de validade. Isto é, funcionam como um retrato da intenção de voto em dado momento no tempo. Por essa razão, a Lagom Data entrega um valor a cada sete dias.
Os levantamentos apresentam outros dados relevantes para quem se interessa na corrida eleitoral, como uma estimativa de votos brancos, nulos e abstenções. Os institutos também precisam informar ao TSE quem pagou pela pesquisa, o que pode indicar conflitos de interesse. Essas informações podem ser encontradas no projeto “Eleição analítica” da Lagom Data.