“No júri de um caso de morte, a presença da família da vítima é sempre importante. Quando a morte se multiplica por 242, como no caso da boate Kiss, ela ganha outras proporções — sociais, jurídicas e intimamente pessoais no caso de quem viu parte dos seus sonhos sumirem em fogo e fumaça tóxica”, escreveu o fundador e diretor da Lagom Data, Marcelo Soares, em reportagem especial para o El País. Ele reencontrou, em Porto Alegre, os sobreviventes e familiares das vítimas da tragédia.
Soares esteve em Santa Maria durante a semana daquele 27 de janeiro, há oito anos e dez meses, na cobertura da repercussão do incêndio, que esteve sob a avaliação do júri neste dezembro de 2021.
Os quatro réus no caso do incêndio da boate Kiss foram condenados em 10 de dezembro a um total de 78 anos de prisão pelo tribunal do júri, por homicídio com dolo eventual. A pena mais alta, de 22 anos e seis meses, coube ao sócio administrador da casa de shows, Elissandro Spohr. Um habeas corpus preventivo evitou que os quatro condenados pela morte de 242 pessoas fossem presos ao fim do julgamento.
Além do homicídio das 242 pessoas, os sócios da casa noturna Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor Luciano Bonilha foram acusados da tentativa de homicídio de outras 636 pessoas que ficaram feridas naquele dia.
Aqui, algumas lembranças desse caso. Meu bloquinho de 2013, com as anotações dos perfis de vítimas cujos familiares ouvi no velório coletivo. A edição especial do “A Razão” com os nomes das vítimas. A trena que comprei para medir a porta da boate. O Botton das famílias no júri. pic.twitter.com/3R8wEbbvSc
— Marcelo Soares (@msoares) December 5, 2021
Os protagonistas do texto são, entretanto, os sobreviventes e familiares de vítimas do crime. Marilene, Neuci, Gabriel, Vanessa e Ana Zélia dividiram suas histórias com o El País, enquanto acompanharam, em Porto Alegre, o julgamento que, finalmente, responsabilizou os culpados pelo incêndio. Eles foram retratados em estúdio pelo fotógrafo Marcio Pimenta, para que aparecessem com “a dignidade que merecem”.